Se você deseja manter um ambiente laboral seguro em sua empresa, deve buscar entender o que é a PAIRO (Perda Auditiva Induzida Por Ruído Ocupacional), além de quais medidas tomar para a sua prevenção.
Isso porque além de avançar de forma gradual em grande parte dos casos — sem um sinal ou um sintoma agudo que indique qualquer problema — a doença tem um prognóstico complexo, pois a perda auditiva é irreversível.
Neste artigo selecionamos as principais informações sobre a PAIRO, suas causas principais, como é feito o diagnóstico e quais as repercussões, tanto para o colaborador que se expõe no ambiente de trabalho, como para o empregador que deve analisar as medidas de prevenção cabíveis.
Continue a leitura para saber mais sobre as características da PAIRO, suas principais complicações para a saúde e continuidade do trabalho, além de ficar por dentro sobre como criar uma boa campanha de conscientização na sua empresa!
O que é PAIRO?
A PAIRO, também conhecida como Perda Auditiva Induzida por Ruído Ocupacional, é uma doença laboral que provoca a diminuição gradual da audição, sendo decorrente da exposição contínua a altos níveis de ruído e pressão sonora em ambientes de trabalho.
Um dos grandes fatores complicadores dessa doença é o fato do trabalhador não sentir a perda auditiva de forma repentina. Isso significa que, ao longo do tempo, com a prolongada exposição aos ruídos de alta frequência, a audição vai se tornando cada vez menos eficiente.
Para se ter uma ideia da importância da prevenção à doença, um artigo publicado na Revista CEFAC, que levou em consideração dados de uma Indústria Metalúrgica de Manaus, observou uma incidência de cerca de 20% de PAIRO entre os colaboradores que apresentaram perda auditiva. Um número considerável e que deve ser levado muito a sério.
Quais são as principais causas da PAIRO?
A PAIRO pode ser causada pela exposição recorrente a ruídos ocupacionais de alta frequência, vibrações e substâncias químicas, bem como más condições trabalhistas e vulnerabilidades pessoais. Ela está presente em diversos ramos de atividade, como metalurgia, siderurgia, gráfica, têxtil, vidraria, papel e papelão.
É uma doença causada pela redução da capacidade das células ciliadas localizadas no interior dos ouvidos em assimilar e transmitir sons, desencadeada pela presença de alguns fatores.
Essa redução da capacidade auditiva se dá pela destruição de células ciliadas, existentes no interior dos ouvidos e que são responsáveis pelo envio da informação sonora para o cérebro. Com as excessivas oscilações causadas por ruídos recorrentes de alta frequência, ocorre a destruição dessas células ciliadase o começo da perda auditiva.
Confira, abaixo, alguns dos fatores que podem desencadear a perda auditiva gradual no ambiente laboral.
Ruído
Entende-se por ruído toda interferência ou barulho desagradável que provoca a poluição sonora. Sendo assim, esse fator é considerado o principal agente causador dessa complicação. No entanto, para ser responsável pela perda auditiva, o ruído deve ser contínuo e atingir no mínimo 85 decibéis. Além disso, é importante saber que quanto maior o nível em decibéis, menor deverá ser o tempo de exposição do colaborador ao barulho.
Vibração
Além do aspecto sonoro, a vibração do ruído também contribui diretamente para as alterações causadas pela PAIRO.
Substâncias químicas
Alguns produtos presentes na atividade laboral podem ser totalmente nocivos à audição, como gases (monóxido de carbono e nitrato de butila), metais (manganês, arsênio e mercúrio) e alguns solventes orgânicos (tolueno, butanol, xileno e dissulfeto).
Outros fatores
A idade, o sexo e o histórico médico do trabalhador também são fatores de risco que devem ser considerados na compreensão das causas da doença.
Quais as principais características da PAIRO?
A literatura médica nos diz que a Perda Auditiva Induzida por Ruído Ocupacional é caracterizada por lesão no órgão de Corti da orelha interna. Na prática a principal característica da PAIRO é ser bilateral, ou seja, ambas as orelhas dos indivíduos expostos são afetadas, com diferenças entre a porcentagem de perda sendo observada apenas e alguns casos.
Além disso, segundo o Departamento de Ações Programáticas Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde, subordinada ao Ministério da Saúde, a PAIRO faz com que o colaborador possa desenvolver intolerância a sons intensos, além de queixar-se com frequência de zumbidos.
Ainda de acordo com o Departamento do Ministério da Saúde, é também comum que o trabalhador afetado se sinta incomodado com a dificuldade em entender a fala cotidiana, o que causa prejuízo na comunicação oral
Como a PAIRO pode ser diagnosticada?
O processo de perda de audição é muito lento. Na maioria das vezes, o trabalhador não percebe o que está acontecendo e, quando menos se espera, a condição já está bem avançada. Além disso, com o passar do tempo, o corpo humano perde a capacidade de escutar naturalmente.
Porém, quando a pessoa se expõe frequentemente a ruídos elevados, a condição acontece mais rapidamente e de forma não natural, gerando muitos problemas que se estendem para o resto da vida. Portanto, para diagnosticar a PAIRO a tempo, deve-se analisar detalhadamente:
- os exames audiométricos e a história clínica e ocupacional do empregado;
- o tempo de exposição ao ruído;
- a exposição a outros agentes ototóxicos ou otoagressivos;
- fatores ligados ao indivíduo (vulnerabilidades individuais);
- outras doenças e traumatismos.
Além disso, é recomendado procurar imediatamente um médico quando sentir qualquer alteração nos ouvidos, como dificuldades para escutar, dores, quadros de estresse alterações no sono, formigamentos, zumbidos e surdez temporária.
Quais são as principais formas de prevenção contra essa doença?
Depois de descobrir o que é PAIRO e todas as suas causas, é importante conhecer os métodos para prevenir e diminuir a exposição a elas, já que essa condição não tem cura. Sendo o ruído o primeiro fator de risco presente na maioria dos ambientes de trabalho, as ações de prevenção deverão começar justamente por ele. Sendo assim, as organizações poderão oferecer algumas medidas preventivas, como:
- adotar o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), o PCA (Programa de Conservação Auditiva) e o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional);
- controlar e amenizar os ruídos e barulhos desagradáveis;
- tornar obrigatório para todos os funcionários o uso do protetor auricular;
- adequar isolamentos acústicos nas fontes geradoras;
- realizar manutenções frequentes das máquinas e equipamentos;
- reduzir a jornada de trabalho ou realocar funções quando não há possibilidades de diminuição do ruído, para que o colaborador não fique exposto por muito tempo.
Quais são as repercussões da PAIRO para a saúde do empregado?
A principal repercussão negativa da PAIRO para a saúde do empregado é a redução da habilidade auditiva. Afinal, quando a exposição ao ruído é de forma súbita e muito intensa, pode ocasionar grandes traumas acústicos lesando, temporária ou definitivamente, várias estruturas internas do ouvido.
Outro tipo de alteração auditiva provocada pela grande exposição ao barulho é a mudança de limiar, uma diminuição da audição que se desfaz logo após o afastamento do ruído.
Além disso, podem ocorrer outros sintomas, como:
- zumbidos;
- dificuldade de compreensão de diálogos pessoais e sons;
- necessidade de ouvir música ou assistir televisão em volumes muito altos;
- dores de cabeça;
- tonturas;
- alterações no sono;
- falta de concentração.
- estresse e irritabilidade;
- insensibilidade cada vez maior ao ruído;
- impotência sexual.
Quais as repercussões da PAIRO para a saúde do empregador?
Como já vimos anteriormente, quando o funcionário permanece totalmente exposto a elevados níveis de ruído ou outros fatores ocasionais em seu ambiente de trabalho sem a devida proteção, tanto pelo tempo de exposição quanto pelos protetores auriculares individuais, acaba desenvolvendo a perda auditiva por ruído.
Isso acaba fazendo com que a empresa tenha que pagar altos valores de indenizações por danos morais sofridos pelo reclamante em decorrência dessa doença. Portanto, saber o que é PAIRO, além de ajudar a adotar medidas coletivas e individuais para a segurança e a saúde do trabalhador, sempre será a melhor saída para evitar esse problema.
É importante deixar clara a importância de uma boa gestão que tenha foco na PAIRO, pois, como dissemos, é comum encontrarmos registros de empresas nas quais a incidência de perda auditiva causada pelo ambiente laboral é significativa, passando dos 20% entre os que apresentam algum tipo de perda.
Por fim, para que o empregador diminua custos, flexibilize suas tarefas, automatize os processos necessários e utilize seu tempo de forma eficiente, é sempre importante contar com uma empresa especializada e que preste consultoria em Medicina e Segurança do Trabalho.
Como adotar um plano de conscientização na empresa?
As empresas também poderão investir em planos de prevenção e controle de riscos para conscientizar os funcionários sobre a importância de se proteger dos ruídos, adotar o uso dos EPI’s adequados e fazer com que estejam cientes de uma possível punição pelo não cumprimento do método. Confira um exemplo específico para isso:
- designação de responsabilidade: momento de atribuição de responsabilidades para cada membro da equipe envolvido;
- avaliação, gerenciamento e controle dos riscos: são estabelecidas as metas a serem atingidas a partir do conhecimento da situação de risco;
- gerenciamento audiométrico: estabelece os procedimentos de avaliação audiométrica do trabalhador exposto ao ruído;
- proteção auditiva: análise para escolha do tipo de EPI mais adequado para proteção individual da audição do funcionário, levando em conta o grau de conforto, a facilidade de manuseio, capacidade e vida útil do produto;
- treinamentos e programas educacionais: desenvolvimento de métodos educacionais e divulgação dos resultados de cada etapa do programa;
- auditoria do programa de controle: garantia de uma contínua avaliação da eficácia das medidas adotadas.
Agora que você já sabe o que é PAIRO, é importante lembrar que ela é uma condição irreversível. Sendo assim, o tratamento deve ser custeado pela empresa e direcionado à melhora da qualidade de vida do trabalhador e prevenção da piora do quadro, e não à cura ou recuperação da audição.
A exclusão dos fatores agravantes, a realização de exames audiométricos e o uso adequado dos equipamentos individuais de proteção auditiva são ótimas alternativas para tratar o problema.
E aí, gostou de saber o que é PAIRO e como proteger adequadamente a sua empresa e os seus funcionários? Para continuar se mantendo informado e tirar quaisquer dúvidas, não deixe de entrar em contato! Será um prazer responder a você.