A segurança no trabalho não está relacionada apenas à utilização de EPIs e o cuidado com situações de risco. As condições de temperatura a que os colaboradores estão expostos também merecem atenção. Por esse motivo, é fundamental realizar uma correta avaliação do calor para garantir a saúde, o bem-estar e a produtividade dessas pessoas.
De acordo com a Norma Regulamentadora 15 (NR 15), é preciso avaliar as condições do local de trabalho a partir do Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG), que identifica a exposição do colaborador ao calor do ambiente.
Também é necessário entender como avaliar corretamente essa exposição e quais são as consequências de um trabalhador que atua em altas temperaturas. A boa notícia é que vamos apresentar tudo isso neste post! Ficou curioso? Então, continue a leitura e confira!
Quais são as fontes de calor de um ambiente de trabalho?
A principal fonte de calor em um ambiente organizacional é o sol, que pode variar de acordo com o local, a altura e o horário em que o trabalho é realizado. No entanto, é comum a existência de outros fatores que aumentam a temperatura, como uma máquina de carvão presente em um ambiente mais fechado.
Qual é a temperatura ideal que esse local deve ter?
A temperatura ideal para um local de trabalho é medida de acordo com as calorias queimadas por hora (kcal/h) e está prevista no anexo 3 da Norma Regulamentadora 15. Confira, abaixo, quais são elas de acordo com a função exercida pelo colaborador.
Trabalho leve
- sentado, movimentando os braços: 125 kcal/h;
- sentado, movimentando braços e pernas: 150 kcal/h;
- de pé: 150 kcal/h.
Trabalho moderado
- sentado, movimentando vigorosamente braços e pernas: 180 kcal/h;
- de pé, leve com movimentações: 175 kcal/h;
- de pé, moderado com movimentações: 220 kcal/h;
- em movimento: 300 kcal/h.
Trabalho pesado
- ato de levantar, empurrar ou arrastar peso: 440 kcal/h;
- trabalho fatigante: 550 kcal/h.
Como fazer a avaliação do calor corretamente?
Para que a avaliação do calor seja feita de forma correta, é importante se atentar a alguns detalhes. Confira, a seguir, as principais dicas para que tudo saia como planejado.
Entenda o tipo de atividade da empresa
Empresas como siderúrgicas, forjarias e as que exercem atividades ao ar livre, diretamente sob o sol, deixam o colaborador exposto constantemente ao calor intenso. Dessa forma, é preciso avaliar os índices de calor correlacionados em cada uma, evitando que as altas temperaturas causem danos à saúde e à qualidade de vida do profissional.
Conheça os aparelhos utilizados
É fundamental ter a ciência de que existem 3 aparelhos diferentes previstos na NR 15 que podem ser utilizados na avaliação do calor. São eles:
- termômetro de globo;
- termômetro de bulbo úmido natural;
- termômetro de mercúrio comum.
Todos contam com um tripé do tipo telescópio, um dispositivo destinado à montagem e posicionamento do aparelho de medição — disposto na altura que mais afeta o corpo do trabalhador — para a correta avaliação da exposição ocupacional ao calor.
Compreenda o índice IBUTG
O IBUTG (Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo) é uma média ponderada de valores obtidos durante um intervalo de 60 minutos. Esse índice se divide em duas categorias, com determinados objetivos e fórmulas:
- ambiente com sol: IBUTG = 0,7tbn + 0,3tg;
- ambiente sem sol: IBUTG = 0,7tbn + 0,1tbs + 0,2tg.
Cada categoria conta com diferentes fatores de equações, como:
- tbn: temperatura de bulbo úmido natural em ºC;
- tg: temperatura de globo em ºC;
- tbs: temperatura de bulbo seco em ºC.
Ao calcular o valor do IBUTG, o técnico em segurança do trabalho conseguirá consultar os limites de tempo de função de acordo com o tipo de atividade, cuja relação está prevista no Quadro 1 do anexo 3 da NR 15.
Tome os cuidados necessários com o aparelho
É importante ter certos cuidados com a parte eletrônica do medidor para que a avaliação do calor não seja prejudicada. Se o ambiente tem uma temperatura superior a 58 graus, por exemplo, evite deixar a parte de baixo do equipamento muito próxima à fonte de calor para não danificá-lo. Nesse caso, procure manter por perto apenas a base dos sensores.
Quais são as consequências do excesso de calor no ambiente de trabalho?
A exposição excessiva ao calor consiste em uma alta carga sobre o colaborador, conhecida como estresse térmico. Isso aumenta as taxas metabólicas (energia gasta para atividades) e causa diversos impactos negativos no organismo. Alguns exemplos desses efeitos são:
- sudorese intensa;
- choque térmico;
- exaustão;
- esgotamento físico e mental;
- edemas;
- câimbras;
- conjuntivites;
- insolação;
- desmaios;
- desidratação.
Todos esses problemas prejudicam a saúde do colaborador e comprometem a sua capacidade de produção. Além disso, o excesso de calor pode desencadear doenças mais sérias, como problemas respiratórios e câncer de pele. Portanto, os limites de temperatura exigidos pela NR 15 devem ser totalmente respeitados.
Quais são as medidas corretivas que podem ser tomadas nesse caso?
A preocupação com o excesso de calor não deve se restringir apenas a empresas que atuam especificamente com a produção de combustão. Nos dias mais quentes de verão, por exemplo, os gestores precisam melhorar as condições climáticas para manter o ambiente mais saudável para o profissional.
A legislação brasileira indica que a temperatura média dos locais de trabalho deve ser entre 20ºC e 23ºC, tanto para escritórios quanto para setores de produção. Essa média deve ser constantemente monitorada, especialmente em ambientes em que a presença de máquinas provoque maior aquecimento.
Algumas medidas podem ajudar na tarefa de minimizar o contato do colaborador com o calor, especialmente em atividades externas. A principal diz respeito à execução de tarefas mais pesadas na parte da manhã, período em que o sol está mais fraco. Também é recomendada a adoção de uniformes com tecidos mais leves, que permitam que a pele respire, assim como a instalação de equipamentos de ventilação, de modo a garantir a renovação de ar.
O uso de ventiladores só é indicado em ambientes com temperaturas inferiores a 29ºC. Acima disso, é preciso instalar aparelhos de ar condicionado que permitam o controle da temperatura. Os trabalhadores também podem atuar em sistema de rodízio para que a exposição ao calor seja menor, sempre mantendo reposição hídrica adequada do corpo.
Até mesmo o momento de descanso deve ter a temperatura monitorada para garantir que a pausa realmente represente alívio para o colaborador, permitindo que ele recomece suas atividades sem qualquer problema.
Por fim, podemos notar neste post que a avaliação do calor é fundamental para a manutenção da saúde, conforto e bem-estar dos colaboradores no ambiente corporativo. Além disso, evita a ocorrência de danos, afastamentos por doença, ações trabalhistas e possíveis prejuízos para a companhia. Adote essa prática agora mesmo!
E aí, gostou de saber como fazer a avaliação do calor corretamente em sua empresa? Quer expressar a sua opinião sobre o assunto? Então, aproveite que está por aqui, deixe seu comentário abaixo e compartilhe-a conosco!